quarta-feira, 18 de março de 2009

Embarcar ou não embarcar?
Sobre a morte da garota Isabella Baracat de 20 anos num cruzeiro marítimo universitário há muito que se refletir.
O primeiro ponto a pensar é sobre a existência do bem e do mal.Sabemos que o bem e o mal co-habitam em nós e por mais que nos esforcemos para ser do bem, não há como fugir,o mal está lá, quieto, pronto para aflorar. Lógico que na maioria das vezes somos educados e limitados para que os mandamentos do bem prevaleçam e quase sempre agimos em conformidade com eles. E assim educamos nossos filhos para os limites, para saberem dizer não ao inadequado, para terem noção dos perigos, para agirem pensando nas consequências.
Num segundo ponto está a estimulação ao inadequado. Convivendo com exemplos ruins, assistindo a conselhos maldosos na televisão, ouvindo notícias perniciosas, conectando ideias podres na internet nossas crianças e adolescentes vão mantendo um arquivo atualizadíssimo de "más sugestões"para colocar em prática na primeira oportunidade que tiverem.
E ideias arquivadas, mais um grupo de adolescentes juntos e com tempo sobrando pode resultar em ações equivocadas. Concluo isso porque lido diariamente com crianças e adolescentes e vejo até onde suas atitudes inadequadas podem chegar.
E é por isso que trabalhar com educação é tão instigante, pois nosso papel é lembrar constantemente até onde podem ir, é clarear e alargar os pensamentos que por vezes se miram num único ponto de vista.
Um terceiro ponto a pensar é que ao trabalhar para que nossos jovens desenvolvam sua autoestima, talvez estejamos errando na dose e excedendo no estímulo ao amor próprio.Vemos diariamente nossos jovens querendo ser notados demais, querendo exclusividade demais, pedindo atenção demais. É tanto narcisismo que a opinião do outro, a dor do outro, a queixa do outro deixam de ser relevantes.
Talvez esses três pontos e alguns outros tenham se somado no caso da menina Isabella: moçada reunida para se divertir, com a sensação de liberdade à flor da pele, sem preocupação com o bem-estar do companheiro, com ideias equivocadas de como aproveitar essa liberdade, com a força do coletivo motivando e incentivando o inadequado e consumo de drogas.
Decidir embarcar ou não um filho numa viagem dessas é muito difícil. Dizer não é tirar o filho das experiências e vivências que poderiam trazê-lo ao crescimento e amadurecimento. Dizer não é deixar de acreditar na educação dada e nos exemplos ensinados em casa. Dizer não é acreditar que sempre estaremos por perto para salvá-lo das situações difíceis.
Dizer sim é aceitar a sua individualidade e sua emancipação. Dizer sim é considerar sua capacidade de sobrevivência. Dizer sim é transmitir confiança e aprovar suas decisões.
Para responder a essa pergunta cada família precisa se autoavaliar. Os pais criam seus filhos para terem uma vida feliz. E nessa missão não basta dizer sim. Muitas vezes é preciso falar não também.
O importante é que antes de uma viagem como essa os pais conversem com o filho e chequem alguns pontos que podem ajudá-los em sua avaliação, ponderando todos os riscos e possibilidades. Proteção e cuidados sempre são bem-vindos, principalmente quando se trata da integridade dos filhos.
Ao final, após precauções observadas, se a decisão tomada for sim, só resta pedir ajuda a Deus e seus anjos da guarda.

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