domingo, 1 de abril de 2018

Escolas: querem bons professores, mas não querem formá-los

Escolas: querem bons professores, mas não querem formá-los!

                                                                       Rosângela Silva


http://www.revistadavila.com.br/2018/03/escolas-bons-professores/

Um dos  maiores desafios das escolas é compor seu quadro docente com bons professores.
Falta qualificação desde a base, e não há avanços na hora da especialização profissional.  É fato que hoje os professores (e muitos outros profissionais) saem  das universidades muito malformados.
Mesmo após entrevistas e outras técnicas de seleção, chegam às escolas professores desconhecendo seu conteúdo, alheios às práticas pedagógicas adequadas, com pouca habilidade e pouco conhecimento sobre sua clientela, no que diz respeito às características físicas, psicológicas e emocionais.
Muitos gestores sobrecarregam-se com as questões burocráticas e falta tempo e disposição para a formação processual dos seus docentes.
Outros administradores, por praticidade,  preferem escolher professores “ prontos”, oriundos de escolas conceituadas ou com muito tempo de experiência.
Outros contentam-se com o que tem e seguem o seu cotidiano.
Dar conta da formação processual da uma equipe é tarefa árdua. Para que ela aconteça é necessário haver disposição do gestor e do professor. Muitas vezes o gestor tem boa vontade, mas o professor não se dispõe.  Outras vezes o professor tem sede de aprender, mas o gestor não o acompanha. Pior ainda é o fato dos dois acomodarem-se no conformismo da sua prática.
Certo é que, escolas bem sucedidas tem gestores atuantes na área pedagógica e não a negligenciam.
Algumas ações dos diretores de escolas, melhoram bem a atuação dos professores: dar conhecimento do  projeto político pedagógico da escola e fazer o acompanhamento das ações que o permeiam,  observar aulas, analisar o material didático dos alunos,  acompanhar os projetos idealizados pela escola ou pelo próprio professor, criar ações novas diante das queixas trazidas,  realizar reuniões por área de conhecimento para elaboração dos objetivos do grupo, avaliar frequentemente os resultados obtidos junto à equipe, tendo como base  o  Projeto político pedagógico,  entre outras ações.
Dar retornos frequentes, corrigindo rotas, retomando pontos falhos é essencial, mas para que isso aconteça é preciso haver diretores atentos ao cotidiano escolar.
Valorizar as iniciativas do professor, enaltecer seu protagonismo e “dar “ a autoria às suas ideias  e sugestões, também são atitudes que enaltecem e incentivam o desejo de superação por parte do docente.
O gestor dentro da escola (e o professor na sua sala de aula) tem enorme poder de mudança, de inovação, de criação, de ação. O que o diretor não pode é esperar pela formação e melhoria  da sua equipe de  braços cruzados, cegando-se nos processos administrativos para justificar o insucesso do seu time e o fracasso escolar de seus alunos.

Como lidar com os alunos retidos

Como lidar com os alunos retidos!

                                                              Rosângela Silva

http://www.revistadavila.com.br/2018/03/escolas-como-lidar-alunos-retidos/

Início de ano letivo. Os alunos voltam às salas de aulas. Professores recuperaram o fôlego e agora é hora de conhecer melhor sua clientela.
Hoje resolvi falar sobre os alunos retidos.
No começo do ano é muito importante identificá-los e olhar para eles com carinho e atenção.
Partindo do pressuposto de que a repetência foi o melhor caminho  para aquele aluno que rendeu pouco e não atingiu os mínimos objetivos, agora é hora de fazer um novo estudo de caso, dispensar o rótulo  e direcionar melhor seus estudos.
Primeiramente esse aluno deve voltar à escola mais amadurecido e disposto a mudar suas estratégias de estudo e envolvimento com a escola.
É muito importante que as escolas levantem esses alunos, começando por chamá-los para conversar, orientar  e traçar um plano junto com eles, que precisam estar cientes de que podem mudar e que seus professores acreditam em seu potencial.
Se a escola e sua equipe de professores despertarem nele a possibilidade de melhora e partir para os incentivos e ganhos, em vez de ficarem apontando as falhas do ano anterior, pode ser que ele reaja positivamente, passando a acreditar mais em si.
Chamar a família para conversar também é um ponto a favor de um ano letivo renovado e apostando  no reforçamento da parceria.
Agora, se a escola continuar olhando para ele com o mesmo olhar, tudo começa igual, sem novas perspectivas , sem novo projeto, sem novo desafio.
A escola  faz parte de um pedaço da vida da pessoa, no qual  formam-se os valores e amplia-se o conhecimento  do mundo, através de atividades previamente preparadas por profissionais qualificados para  que essa aprendizagem ocorra de forma organizada e interessante.
Alguns alunos apresentam dificuldades para aprender, seja por motivos biológicos, psíquicos, emocionais ou neurológicos. Há também aqueles que chegam à escola com hábitos ruins como procrastinação, preguiça, pouco esforçado, querendo tudo pronto,  sem curiosidade  e hábito de estudo.
Cada caso vai requerer olhares e ações diferenciadas para que o aluno seja atendido sem seu potencial máximo. Alunos aprendem de formas, velocidades e sequências  diferentes.
Alunos se formam nos bancos escolares, eles não chegam prontos, se lhes faltam pré-requisitos , precisamos buscá-los e não ficar culpando a família, o aluno, a escola anterior em que estudou.
Trabalhar com aluno bom é fácil. Algumas se dão ao luxo de recrutar só os melhores, os que lhes darão boa posição no ranking dos vestibulares.
Boa de verdade  é a escola que cria recursos e não desiste dos alunos difíceis. Que tem uma equipe que pesquisa e investiga meios de ajudar os alunos com dificuldades de aprendizagem. E ainda consegue manter um padrão de qualidade para todos os demais que têm a mente brilhante e aprendem facilmente.
Início do ano. Mãos à obra!  À nossa mais grandiosa obra: criar indivíduos melhores e mais capazes dia a dia, independente da sua condição.

Os excessos da geração atual

Os excessos da geração atual

                                                                     Rosângela Silva
http://www.revistadavila.com.br/2018/03/os-excessos-da-geracao-atual/

Educadores vivem intrigados com a formação das nossas crianças e adolescentes no que diz respeito aos excessos e falta de limites.
Segundo o professor e pesquisador Kim Payne existem quatro grandes excessos a que eles estão submetidos nos dias atuais: excesso de coisas, opções, de informações e de rapidez.
 Inspirada nos estudos do  professor, escrevo este artigo.
Sim, eles (crianças e adolescentes) têm muitas coisas: brinquedos, roupas, calçados, games, aparelhos tecnológicos, materiais escolares, mochilas etc

Se perdem no consumismo, no conceito equivocado de felicidade.

E tendo tantas coisas, podem não aprender a decidir, sentir-se  errados nas escolhas, sentir tristeza por não saberem escolher.
Sim,  eles tem muitas opções. Para que não se frustrem, não se chateiem, não se decepcionem, os pais e educadores colocam à disposição um leque de opções. E elas são tantas que eles ficam nervosos, ansiosos porque não querem errar, querem ter seus desejos atendidos  e diante de tantos caminhos apresentam dificuldade de pesar os prós e contras.
Sim, eles têm muitas informações. As fontes tecnológicas cumprem sua função,  porém nem sempre estão prontos para digerir todas elas. Muitas vezes não têm maturidade, outras vezes não têm a base intelectual preparada para agregar o novo conceito, muitas vezes chocam-se com o que chega e confundem o real com o virtual.
Os pais acabam por preencher o tempo de seus filhos com mais informações nos cursos extraescolares.
 Informações demais, conhecimento de menos, pois não há solidificação, há superficialidade.
Sim, eles vivem em excesso de rapidez.  O mundo está rápido. A sociedade cobra agilidade em tudo. Os pais acompanham essa exigência e a transferem aos filhos. Falta tempo para brincar, para usufruir de tempo livre, para criar, para inventar.
A frase “Menos é mais” nunca me pareceu tão adequada.
Tendo menos coisas, podem usar melhor seus brinquedos, exercitar combinações de roupas,  explorar de forma mais preciosa os materiais que possuem.
Tendo menos opções serão levados a primar pelas boas escolhas, sofrer menos diante das possibilidades, pensar com mais cuidado antes de decidir.
Tendo menos informações poderão mergulhar com mais precisão e profundidade naqueles conceitos.
Tendo menos pressa poderão degustar, saborear e aproveitar melhor as suas experiências.
Sigamos cientes de que devemos ensinar nossas crianças e adolescentes a usufruir do poder da leveza e da simplicidade.