domingo, 21 de junho de 2015

Era uma vez... uma mãe recém-nascida


Há 15 anos atrás era uma “mãe recém-nascida”.
Muito assustada com essa vida que acabava de ganhar, pouco enxergava, mexia assustada com meu bebê, tocava com receio, engatinhava na arte de ser mãe... Levantava à noite e colocava  minha mão sobre seu nariz para checar se estava respirando, media a febre desnecessariamente, levava ao médico no primeiro espirro.
Os ruídos e choros me perturbavam, a amamentação era um misto de alegria e susto.
Tombos, sustos, doenças infantis, machucados, picadas me afligiam. Era uma “ mãe recém-nascida” e não sabia muito das coisas.
Era uma “mãe recém –nascida” para esse imenso papel cujas funções não acabariam nunca.
O tempo passou e tornei-me uma “mãe-criança”.
Já tinha descoberto muitas coisas e já arriscava dar uns passos de independência. Podia me distanciar um pouco da minha cria, podia deixá-la dormir na casa da avó, do pai, dos tios. Podia arriscar mais nas broncas, nas cobranças, ser mais firme nos limites. Sabia que mesmo assim, seu amor para comigo não deixaria de existir.
Mas ainda era uma mãe receosa, tinha muitos medos e não sabia  tantas coisas...
Hoje quando olho para trás e completo 15 anos no papel de mãe posso dizer que tenho cumprido minha missão, mas sei que sou uma “mãe-adolescente” nessa função. Estou debutando hoje junto com você,minha filha.
Embora já tenha debutado por três vezes, afinal já passei dos 45 anos, hoje estou aprendendo sobre atitudes opositivas, crises existenciais, busca da independência,  inseguranças e indefinições,emoções desequilibradas,  refúgios e isolamentos, inconformismos,  enfrentamentos, músicas em volume excessivo, portas batendo etc.
 Sei que  tenho que me preparar, pois ainda vêm muita coisa pela frente. Você vai virar adulta e em breve chegarão outras novas experimentações, descobertas, as saídas e viagens com os amigos, a faculdade, talvez longe dos meus olhos, o início de uma carreira profissional, os amores, os filhos.
Eu crescerei junto com você minha filha, assistindo na primeira fila e torcendo por seu sucesso. Rezando todas as manhãs para que seu dia seja abençoado, mesmo nem sempre estando perto para fazer o sinal da cruz em sua testa, como faço hoje todos os dias.
Hoje vou usar Nando Reis para falar do meu amor por você: “ Minha cor/ minha flor,
/minha cara/ Não sei se o mundo é bom/ mas ele ficou melhor/quando você chegou/ e perguntou/ Tem lugar pra mim?”
Te amo muito, mesmo nas contrariedades, não se esqueça disso: “Meu mundo ficou MUITO melhor depois da sua chegada!!!