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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A "brincadeira" da rasteira


A "brincadeira" da rasteira
Rosângela Silva

Viralizou na internet nos últimos dias, vídeos em que dois amigos enganavam e passavam uma rasteira num terceiro colega. Isso acontecia muitas vezes em escolas, em suas próprias casas ou em encontros e festas. Há cenas de filhos fazendo isso também com suas mães. São cenas chocantes e de entristecer.
Atitude de muito mau gosto e que revela pouca empatia, muitos de nós, educadores, nos pusemos a refletir com nossos alunos sobre o fato.
Rapidamente as escolas reagiram e começaram  a trabalhar com a educação emocional dos estudantes. Os pais atentos e que acompanham de perto seus filhos também começaram um trabalho de orientação e conscientização. Assim, em paralelo à brincadeira, também viralizaram muitas ações contrárias, positivas, apelando para o companheirismo, para o cuidado com o outro, para as ações afetivas.
É verdade que há muito egoísmo, maldade, enganação, e literalmente “passadas de rasteira” em nossa vida cotidiana.
Quem não viveu uma passada de rasteira na vida, de amigos, de familiares, de colegas de trabalho, dos nossos governantes?
Tudo isso é preocupante, é grave, mas nem por isso, nós adultos emocionalmente saudáveis, conhecedores e praticantes das leis , saímos por aí dando o troco e exercitando o código de Hamurabi (olho por olho, dente por dente).
É verdade que prolifera na sociedade a lei do mais forte sobre o mais fraco, do mais rico sobre o mais pobre, daquele  que tem mais poder sobre o que não o tem. E é certo que há muita gente reagindo contra isso.
Quem consegue perceber isso nos noticiários e conversas cotidianos?
É verdade que há uma onda para que as minorias não sejam notadas, nem ouvidas. E é verdade que há muita gente trabalhando para reverter isso.
Eduquemos nossas crianças e suas famílias. Como escola,  não podemos fugir desse árduo compromisso.  Assim,  começamos por mudar nosso bairro, nossa comunidade, nossa cidade, convivendo e colhendo os frutos do nosso trabalho nos nossos arredores.
Sim, se todos trabalharem a cultura da paz, forjaremos seres humanos melhores, que estarão consequentemente praticando ações saudáveis no nosso entorno.
Trabalhemos para que assim seja!

sexta-feira, 19 de maio de 2017

A ligação afetiva: mães e filhos

               
                                        A ligação afetiva: mães e filhos
                                                 
Rosângela Silva
http://www.revistadavila.com.br/2017/05/ligacao-afetiva-maes-e-filhos-rota-educacional/#

A ligação afetiva da mãe com o bebê  se inicia na vida intrauterina e perpetua por toda a vida. Esta ligação é tão forte que chega a definir as relações futuras da criança. Para a criança, a mãe,  muitas vezes é aquela  que sabe tudo, resolve, define, orienta. Esta troca afetiva é boa para ambas: o infante se sente protegido, prestigiado, amado e a mãe sente-se  forte, produtiva, capaz, um ser humano completo.
              Desde  o nascimento a mãe passa  a ser fonte de saciedade da fome, de segurança, de conforto e afeto. Suas respostas aos sinais  do bebê  fornecem  reforços positivos  e fortalecem o vínculo afetivo entre ambos.
              Logicamente aos poucos é preciso impulsionar o filho para a autonomia: chega a hora de desmamar, de estimular a engatinhar, a andar. Também é chegada a hora de voltar ao trabalho, de deixá-lo com a babá ou mandá-lo para a escola.
              Estes momentos de separação  são dolorosos, mas ensinam muito. A criança aprende a lidar com a frustração e angústia,  a curtir  o momento do reencontro ,  a perceber que a mãe  é uma pessoa distinta e separada de si, não sua extensão. A mãe aprende que precisa de tempo  e espaço para si, que tem que buscar satisfação pessoal e profissional.
                A carga afetiva  que liga mães e filhos é tão intensa em algumas relações que há dor e sofrimento na hora da punição e da cobrança, no distanciamento e na vigilância. Este duplo papel, de amar e cobrar é psicologicamente tão dolorido e amargo que, muitas vezes, impede as mães de agirem conforme a necessidade da situação, tornando-as demasiadamente “amolecidas” e não atuantes no papel de gerir  a educação.
              Os psicanalistas dizem que nos contos de fadas o papel  da mãe bondosa, calorosa, muitas vezes, se mistura com o da madrasta ou da bruxa, más e prepotentes. Nos contos de fadas as duas são uma só. Na vida assim também acontece. A mesma mãe que protege, ajuda, defende, muitas vezes é aquela que fica longe, cobra e compara.
              A mesma que estimula, incentiva, doa, conversa, às vezes se transforma naquela que dá tarefas, exige bom desempenho, corrige. A mesma que elogia, apoia, brinca, estende os braços, dá abraços é aquela que se enfurece, bate, estabelece consequências, castiga.
               Tudo isso porque as mães sabem ( ou deveriam saber) que para preparar adultos independentes e com  autoestima elevada é preciso rimar amor com rigor.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Delação premiada no contexto pedagógico

                                     Delação premiada no contexto pedagógico
                                                           Rosângela Silva
Texto publicado na Revista http://www.revistadavila.com.br/2017/02/delacao-premiada-pedagogico-educacao/


     Ouvimos falar muito sobre o termo delação premiada nos últimos tempos. A delação premiada é uma troca de favores, na qual o acusado fornece informações ao juiz em troca de um prêmio que lhe concede a redução de sua pena em 1/3.
     Na verdade a delação premiada corta caminho na investigação e com esse atalho há mais rapidez para a solução dos crimes, beneficiando o Estado.  Ela é usada nos casos específicos como os de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, latrocínio, estupro, sequestro e homicídios.
     Como educadora fiquei pensando no que ensinaríamos aos alunos se instalássemos este sistema dentro das escolas. Embora saiba que muitas usam esse método, resolvi pensar nos prós e contras dentro do sistema escolar.
     Delatar o outro nunca foi visto com bons olhos, tanto que os delatores são chamados de  “dedo-duro”, “X9”, “fofoqueiro”,  “Judas” entre outros apelidos que se apregoam.
     Desta forma, é preciso fazer algumas reflexões: Incentivar a delação é um ato que deve ser incentivado em casa e na escola? Como se sente o delator? E o delatado? Quais as consequências para eles no meio social? O que trabalhar com o delatado, que é incapaz de assumir os seus atos? Como levar a criança ou adolescente a reconhecer seu erro, sem usar a via da delação? Que percepções ficam para o delator e para o delatado? A delação premiada faz o delator mudar de postura ou o incentiva a livrar a sua pele e se dar bem?
      A administração das questões éticas e morais em casa e na escola deve ser muito pensada e avaliada, pois as condutas tomadas pelos adultos refletem nas percepções e atitudes dos alunos, cidadãos já hoje e responsáveis pelo nosso futuro.  Ações ligadas à verdade e mentira, certo e errado, justo e injusto, ético e não ético frequentemente rondam as famílias, os professores, as salas dos coordenadores e diretores, que têm uma missão difícil ao analisar e avaliar cada caso, tomando decisões apropriadas e educativas.
     Com certeza essa missão precisa passar por processos de  análise e reflexão, sem deixar de lado a afetividade, combinando investigação, orientação e “consequentização”.
     Piaget que também estudou as fases do desenvolvimento moral das crianças/adolescentes, aponta que eles passam por vários estágios, indo da fase da inexistência de regras, passando por achá-las invioláveis e sagradas, indo para o momento de vigiar e cobrar as regras nas atividades coletivas até a chegada da autonomia, quando agem de acordo com princípios aprendidos.
     Enquanto a autonomia não chega, cabe aos  pais, professores e familiares trabalharem incessantemente as ações desejadas para que a criança/adolescente se transforme num adulto correto e valoroso. Fingir que não viu ou ouviu algo inadequado, esperar que a criança/adolescente por si só se corrija, defender os filhos diante de erros cometidos ou buscar justificativas para explicar seus erros são atitudes que atrapalham a formação moral das crianças/adolescentes.
     Tanto em casa como na escola os problemas devem ser investigados, apurados e concluídos. Usar o recurso da delação premiada buscando que o irmão, amigo ou colega da classe denuncie o infrator mostra primeiramente uma incapacidade do adulto em gerir o problema, apelando para um jeito mais rápido e pouco ético para solucionar o problema.
     Quando um professor, pai ou diretor investiga uma situação, busca soluções, indaga, levanta hipóteses, questiona, compara fatos, mostra coragem e ousadia, faz simulação da ocorrência,  ele passa a ser admirado pelos alunos ou filhos que o enxergam como alguém interessado em desvendar o problema, habilidoso, cuidadoso, apto para gerenciar conflitos e passa a ser visto como alguém confiável.
      Tudo isso dá muito trabalho e na maioria das vezes os adultos têm preferido tomar os atalhos a usar seu tempo na solução dos conflitos perdendo grande oportunidade de conhecer melhor os seus filhos/alunos.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Despertar para a sensibilidade

Despertar para a sensibilidade

                                                             Rosângela Silva

Publicado em  http://www.revistadavila.com.br
Não há receitas prontas para educar os filhos, para fazê-los serem pessoas de sucesso, para transformá-los em  pessoas éticas.
Não há fórmulas certas, nem formas que possamos colocá-los e depois de um tempo brotar o sonhado filho.
Há sim atitudes e ações cotidianas que podem ajudar a formar um indivíduo mais atento, sensível e ético. Como querer ter um filho sensível sem que ele vivencie a sensibilidade?
Como sonhar com um filho ético, sem que ele exercite essa prática?
Como vislumbrar um filho empreendedor se tratá-lo como um “bebezão” incapaz?
Outro dia vi uma adolescente pedir para a mãe parar o carro para que fotografasse uma linda árvore forrada por um tapete de  flores no chão. A mãe parou! Era uma cena linda! Antes de fotografar a árvore realmente a menina, já a tinha fotografado na mente. Olhou, se sensibilizou, gostou do que viu e então o ato de fotografar para seu registro.
A mesma menina foi premiada recentemente em um concurso de fotografias da cidade. Andava com o pai pela cidade, passaram por um lugar bonito, o pai chamou-lhe a atenção e sugeriu a foto. Ficou lindo o registro a ponto da foto ser premiada. Mérito só da garota?
Claro que não, se o pai não lhe mostrasse e não lançasse o desafio da foto, talvez ela sozinha não percebesse a beleza daquele momento.
Nesses dois exemplos fica clara a importância do “despertamento”, do incentivo, do “treinar o olhar” para as coisas belas que se expõe ao nosso redor.
Sem tempo para observar e conhecer os filhos não é possível transformar pequenos instantes em ricas aprendizagens de vida.
Sem disponibilidade para estar com os filhos e gastar nosso tempo com eles, não é possível entender como pensam e como resolvem seus conflitos.
Sem coragem para abdicar de si mesmo em favor da educação e fortalecimento dos filhos não é possível intitular-se pai ou mãe.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

O papel do pai

por Rosângela Silva
Texto publicado na Revista- http://www.revistadavila.com.br/

A família tradicional cujo papel do pai era prover, proteger, sustentar, punir e dar segurança, da mãe educar e ensinar e o dos filhos  aprender e incorporar as regras ensinadas há muito vem se modificando.
Boa parte das crianças e jovens hoje vive com apenas um dos pais, na maioria das vezes só com a mãe.
Na nova concepção familiar, todos têm que se adaptar e adequar para cumprir os novos papéis e desafios que se instalam. Pontos positivos e negativos desfilam entre todos que têm que se remodelar para atender às novas exigências e expectativas da sociedade.
Nessa nova formatação familiar, muitas mudanças ocorreram. A mãe, antes responsável pela organização doméstica e rainha da afetividade e aconchego teve que partir para o mercado de trabalho e esse papel ficou delegado às empregadas, avós e até para os professores. O pai, em muitos casos, transformou-se numa figura ainda mais ausente, pouco participativo na formação de seus filhos, devido às inúmeras exigências oriundas do trabalho. Outros passaram a dividir com a mãe tarefas ligadas aos filhos que antes eram só do universo feminino: dar banhos, alimentar, frequentar reuniões escolares, auxiliar nos lições de casa e estudos.
Só o que ainda não mudou é o papel fundamental do pai, estando casado ou não, na construção da identidade de seus filhos, sejam eles do sexo masculino ou feminino.
Sendo pai de menino, o homem será responsável pela sua identificação sexual e servirá como modelo em seus hábitos e atitudes. O pai para as meninas tem significado crucial , pois mesmo identificando-se com as mães,  elas buscam atingir o amor paterno que lhes possibilitará conhecimentos sobre o sexo oposto. Ele é o primeiro homem na vida da filha, pois é com ele que ela aprende a entender o universo masculino. Hoje, pesquisas indicam que meninas que estiveram fortemente ligadas aos pais na infância demonstram ser mais seguras e ter alta autoestima.
Estudos também indicam que a ausência paterna faz com que os meninos deem valor excessivo ao dinheiro e às conquistas materiais, buscando o sucesso a qualquer preço, conquistando todas as mulheres que forem capazes, descarregando suas  carências nos gestos  violentos e agressivos.
Já nas meninas, a falta do pai faz com que surja um sentimento de culpa e inadequação que gera um baixo autoconceito, podendo dificultar  o entrosamento sexual com o sexo oposto.
Por tudo isso, pode-se concluir que a ausência paterna, tanto para as meninas quanto para os meninos, apresenta perdas fundamentais para o seu desenvolvimento e aprimoramento pessoal.
Pais,  seu  maior presente aos filhos é a sua presença.

sábado, 30 de julho de 2016

Meninos Em Ação (Em Boa Ação!)

Meninos Em Ação (Em Boa Ação!)

                                                              Rosângela Silva

Texto publicado na Revista- http://www.revistadavila.com.br/

     Dias atrás conversava com uma prima sobre educação dos filhos. Eu comecei dizendo que diminuiríamos muito o machismo e as agressões contra as mulheres se as mães dos meninos cuidassem para que eles crescessem respeitando mais as meninas.
     Ela concordou, mas como mãe de 3 meninos, relatou o quanto percebe a falta de limites e o desrespeito das meninas para consigo mesmas, disse perceber a família deixando as cobranças e orientações de lado.  Continuando, ela descreveu como aconselha seus filhos: “Oriento que devem cuidar e ser gentis com as meninas”, “ Peço que as tirem de ocorrências perigosas ou vexatórias”, “Digo a eles que  têm que ajudar as meninas que  estiverem em situação de risco ou que se põem em atos constrangedores”.
     Minha cunhada também educa um menino de 17 anos. Ela é categórica com as  responsabilidades dele  e sempre repete"Neto meu não ficará largado pelo mundo. Se fizer filho, vai ter que assumir e cuidar".
     É assim mesmo que penso que as famílias dos meninos deveriam agir.
     A verdade é que uma boa parte de nossas crianças ou adolescentes sejam eles, meninos ou meninas, têm sido negligenciados pelas suas famílias. A pressa, o trabalho, o cansaço, as cobranças profissionais e o egocentrismo dos pais fazem com que cuidem menos de suas crias e olhem menos para elas.
     O resultado é uma grande massa de desajustados, querendo levar vantagem, querendo se passar por ícone em ações incorretas ou maldosas, mentindo, driblando, desejando ter sucesso sem usar de esforço e dedicação.
     Falando especificamente dos meninos agora, vamos relembrar que  os hormônios contribuem para o comportamento mais impulsivo e agressivo e, em relação à estrutura cerebral, a amígdala, maior no homem, influencia para que sejam mais explosivos e tenham gosto pelos riscos. Há nos meninos diferenças em relação às meninas nos sentimentos, nos relacionamentos, no pensamento, na resolução dos problemas e nas reações. Isso tudo confirmado pela neurociência, pela psicologia e pela biologia.
     Sendo o corpo masculino uma ferramenta que induz ao movimento, a ação e, até à transgressão, cabe às famílias e às escolas investirem  esforços na formação dos valores e do caráter em busca de um ajuste positivo na educação dos meninos.
     O pai é uma figura importantíssima na formação dos meninos e uma referência no direcionamento das ações assertivas. Na ausência do pai, tios, avós ou padrinhos cumprem bem esse papel. O importante é que recebam bons exemplos dentro da família para terem em quem se basear para moldar a sua personalidade e os seus valores.
     Muitas atitudes podem ser adotadas para educar a sensatez, a sensibilidade e os valores dos meninos, tanto em casa como na escola: reduzir  a exposição à violência, permitir o choro e a demonstração de medo, estimular o cavalheirismo com todos ao seu redor, ensinar a cozinhar e cuidar dos afazeres domésticos, ensinar a respeitar as meninas, jamais puxando ou forçando uma proximidade que elas não desejam, treinar o sentimento da perda,  propor situações para exercitar o  autocontrole, cobrar  atitudes positivas com amigos e vizinhos, valorizar atitudes acertadas no dia a dia e escolhas saudáveis, valorizar a honestidade e expulsar a corrupção cotidiana  do ambiente familiar.
     O estímulo aos esportes, o incentivo ao bom gosto musical, especialmente de ídolos que sejam bons modelos de valores, o compartilhamento de boas ideias e ações no meio em que vivem também contribuem para uma formação melhor.
     A família, a escola e o governo devem  estar atentos aos meninos especialmente no aspecto da permanência na escola. Dados confirmam que as meninas são mais alfabetizadas e permanecem mais na escola do que os meninos. Eles enfrentam o trabalho mais cedo e buscam ajudar no sustento familiar, principalmente nas classes menos favorecidas.
     Uma comunidade melhor depende de pessoas mais conscientes e melhores em suas ações. A cidadania começa em casa e estamos todos muito carentes de heróis e de bons exemplos. Eduquemos nossos meninos!! Eles não precisam ser heróis, mas podem ser gente boa!!!

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Ser aluno

O terceiro texto fala como ser um aluno de sucesso, de que forma a família podem contribuir nessa empreitada e os anseios da escola.

                                                                                       SER ALUNO
                                  Rosângela silva ( artigo publicado na Revista  www.revistadavila.com.br)

Ser aluno é colocar-se na condição de aprendiz e isso é possível ocorrer muitas vezes,  todos os dias. Ninguém torna-se aluno apenas por sentar-se nos bancos  escolares. Se encontra na situação de aluno, a criança que observa a vó tecer um tapete, a outra que assiste a mãe fazer um bolo, o menino que vê o pai consertar o pneu, a garota que acompanha o irmão  jogar damas, um adulto que assiste à uma palestra on-line, uma pessoa que escuta uma entrevista no rádio. O  texto “Ser aluno” procura retratar o perfil do bom estudante e de que forma a família e  a escola podem colaborar para o seu sucesso.
 Para isso é preciso situá-lo no atual contexto social. Hoje vivemos uma sociedade com grande crise ética, política e social na qual os valores positivos e a capacidade de empatia e respeito estão em queda. A família também vive seus conflitos, assim como a escola.
Muitos pais parecem perdidos quanto ao seu papel, quanto ao que o filho pode ou não em cada fase que vive, quanto à forma melhor de educar, quanto ao modo de aplicar sanções, quanto à maneira de estabelecer regras.
Crianças e adolescentes cada vez mais hedonistas, mimados e centralizadores chegam às escolas, que muitas vezes também não sabem como lidar ou estabelecer seus limites.
 A escola, por sua vez,  espera que cheguem ao seu espaço em qualquer tempo que for, alunos que primeiramente saibam acatar comandos, regras e  respeitar autoridades. Cabe às famílias estabelecerem esse critério, para que seus filhos tenham dimensão de como agir  e viver adequadamente nesse espaço coletivo que necessita de ordem, regras  e respeito entre os que convivem.
Como chegar às escolas com esse preparo,  se muitas vezes os filhos tomam as decisões em casa, mandam e decidem conforme seu interesse próprio, sem ter consequências colocadas que os levem a aprender e amadurecer com os erros?
Escolas incentivam organização. Um aluno organizado tem vantagens sobre colegas que não possuem essa característica. E um adulto organizado começa a ser moldado em casa quando a a criança, guarda seus brinquedos, roupas e sapatos, quando um adolescente arruma sua cama e suas gavetas, por exemplo.
Professores alegram-se com alunos estudiosos e responsáveis com seus deveres. Estudar diariamente e fazer os deveres de casa  são atitudes que contribuem para o sucesso de qualquer estudante. Esse é um grande desafio para pais e escolas, pois a maioria das crianças e adolescentes têm dificuldade de cronometrar seu tempo e dividi-lo entre os estudos e o lazer. Especialmente os adolescentes, perdem-se diante da sedução dos aparelhos tecnológicos, que enfeitiçam e roubam tempo. Tempo que poderia ser melhor aproveitado, inclusive com propostas familiares de lazer mais atraentes e que levassem a garotada a sair do sedentarismo,  que certamente contribuiriam para um desenvolvimento mais saudável e completo.
Educadores sabem da importância da autonomia para  o sucesso escolar. As famílias podem contribuir com as escolas estimulando  as crianças  nesse aspecto. Desde cedo é muito importante que os pais não façam por seu filhos,  aquilo que já são capazes de realizar sozinhos. Assim, vão crescendo autônomos, capazes de agir e fazer as tarefas que lhe chegam, com mais independência. Diversas oportunidades de escolha podem ser dadas às crianças e  adolescentes para que treinem a capacidade de escolher por si mesmos e assim exercitarem momentos de autonomia.
Na escola, os mestres valorizam também a iniciativa, que é outro quesito importante que agrega sucesso aos estudantes. Aqueles que não necessitam de supervisão frequente, que são capazes de iniciar propostas, enfrentar desafios, agir espontaneamente  sobressaem-se sobre os demais estudantes. Os pais podem colaborar para que seus filhos sejam sujeitos mais prontos para realizar as tarefas, estimulando e elogiando suas iniciativas. Muitas vezes, até sem querer ou perceber os pais limitam o interesse e a iniciativa de seus filhos e isso poda a sua disponibilidade natural e o seu ânimo.
Alunos que iniciam propostas e são capazes de concluí-las também têm grande reconhecimento na escola. A procrastinação é hoje um dos grandes desafios dos professores na sala de aula, pois muitos alunos resistem, enrolam e vão deixando os compromissos para depois. Em casa, os pais ajudam muito, se cobrarem a finalização das tarefas, estabelecendo tempo e a forma adequada de execução. Crescendo assim, as crianças vão se sentindo confiantes, capazes e treinando a habilidade de realizar as tarefas que lhe são postas.
Para os professores a  conclusão e entrega pontual das tarefas credita ao aluno o respeito aos prazos e a capacidade de  corresponder às solicitações.
O fator atenção é um quesito importante na sala de aula. Grande parte dos alunos de hoje têm dificuldade de concentrar sua atenção nas aulas, sejam elas expositivas ou até mesmo práticas.
O acesso a milhares de informações do mundo interativo é positivo, porém, ao mesmo tempo dificulta a capacidade de atenção prolongada, o que resulta em estudantes agitados, impulsivos e bastante desatentos. O excesso de estímulos acaba saturando e impossibilitando o exercício da atenção.
Os espaços escolares clamam por alunos participativos, questionadores, que dão ideias e sugestões. Alunos assim,  enriquecem a sala de aula, engrandecem os conteúdos, ampliam as oportunidades de aprendizagem. Por isso, as famílias devem cuidar para que haja em suas casas espaço para perguntas, ideias, criações e formas diversas da criança participar da dinâmica das tarefas, dos projetos e da organização cotidiana.
Dessa habilidade forma-se o aluno que não leva dúvidas para casa, que levanta questões, que escava os conteúdos até chegar à compreensão do assunto.
 E a escola se agiganta  quando alunos compartilham os conhecimentos com os colegas e dividem o conteúdo que aprenderam. Essa  é uma habilidade importante que contribui para ambos os lados. De um lado o aluno ao explicar ou tirar dúvidas dos seus colegas, reforça ainda mais e amplia o seu próprio conhecimento. Já o colega que recebeu a informação pode se apropriar de algo que ignorava.
Crédito mesmo tem na escola o aluno esforçado. O esforço, o desejo de conquistar algo, a braveza para superar dificuldades e lacunas, também contam muito e diferenciam um aluno do outro.
Essa reflexão pretende compartilhar informações e  lista algumas habilidades pessoais que ajudam e levam o estudante a “tirar de letra” a  escola, sem a pretensão de padronizar pessoas, comportamentos ou conceitos.
Pessoas são singulares. Alunos são todos diferentes e chegam à escola cada um com suas características. De forma alguma deve-se esperar que cheguem formatados, prontos e robotizados.
Num mundo globalizado e tecnológico como esse, os alunos chegam à escola com muitos conhecimentos. Cabe à escola oferecer espaço para que eles reelaborem esses conhecimentos, façam ligações, vejam esses domínios sob novas perspectivas, com novas “aplicabilidades” e também possam empregar e produzir novas informações, criar novos conteúdos, passando de recebedores para produtores de cultura. Talvez seja esse um caminho para  envolver os alunos com a aprendizagem e fazê-los comprometerem-se com ela.

sexta-feira, 18 de março de 2016

SER ESCOLA


O texto "SER ESCOLA" é o primeiro de uma  série de quatro textos que julgo sustentarem a rede de relações dentro do espaço escolar garantindo o entendimento das funções e atribuições de todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem. O primeiro texto “Ser escola” apresenta uma reflexão sobre as mudanças necessárias às escolas e a importância da coerência com sua proposta pedagógica. O segundo texto “Ser professor” elenca o papel desse profissional nos tempos atuais. O terceiro texto “Ser aluno” coloca em pauta a necessidade de conhecer o perfil do aluno e suas necessidades. Por fim, o último texto “Ser família do estudante” discute a participação das famílias impulsionando o sucesso escolar das crianças e jovens.

                                                                                   SER ESCOLA 

Rosângela silva ( artigo publicado na Revista  www.revistadavila.com.br)


Discutir qual é o verdadeiro papel da escola nessa sociedade em constante transformação e os meios para que ela promova o crescimento dos indivíduos de forma sensibilizadora e provocadora de mudanças que agreguem valores às relações através dos conhecimentos obtidos em seu espaço é um assunto relevante atualmente na área da educação.
Esse é um tema que envolve os educadores compromissados, preocupados em promover uma escola significativa na vida dos estudantes.
A sociedade muda constantemente e a escola que está inserida em seu meio também precisa mudar, pois tem papel essencial na construção de indivíduos críticos, atuantes e produtores de cultura.
No dia a dia, se faz necessário articular os tempos e espaços, explorando materiais diversos, trazendo as vivências para a sala de aula e os demais espaços, criando projetos que promovam situações de aprendizagem e que façam o aluno pensar e construir seu conhecimento na interação com seus pares.
Equalizar ritmos e condições de aprendizagem num espaço que agrega diferentes alunos é um outro grande desafio atualmente para as escolas. Ser uma boa escola é conseguir  lidar com o aluno que grita por aprendizagem com aquele que precisa de estímulos e impulsos o tempo todo.
As novas configurações sugerem novos modelos pedagógicos. É necessário que se construa uma escola com currículo moderno, com propostas que atendam às novas demandas, com um novo conceito de seu papel e função.
Longe de ser a única detentora do saber nos dias atuais, a escola precisa reformar sua crença de única fonte de conhecimento e buscar novas formas de preencher seu espaço modificando as relações entre os indivíduos e a aprendizagem.
De forma prática como ser uma escola com excelência em tempos modernos?
Comecemos pela elaboração da Proposta Pedagógica. Uma boa escola tem clara e definida a sua linha de trabalho, a sua identidade. A partir daí deve aproximar suas intenções e ações, estando sempre pautada no modelo pedagógico criado.
Agir em conformidade com sua proposta pedagógica é o que dá credibilidade a uma instituição de ensino. Uma bela proposta desarticulada das ações cotidianas é apenas um engodo, um disfarce, uma lista de palavras sem sentido real para o processo pedagógico.
A partir daí é preciso pensar em muitas questões…
Como está formatado o sistema de avaliação? Há coerência com o fazer pedagógico diário? Como se faz a recuperação? Como a recuperação é vista por todos os elementos envolvidos? Ela de fato pretende recuperar deficiências ou é apenas cumprimento de protocolo? Ela é realmente pensada e organizada para os alunos e suas dificuldades?
Como são organizados os projetos e eventos? Eles são temáticos? A estrutura deles é condizente com os ideais da instituição? Vai homenagear as mães? Qual ênfase vai ser dada? O formato escolhido está coerente com os princípios da escola e com a  motivação inicial da homenagem? Qual é o intuito da Festa Junina? E da formatura? E da festa de encerramento do ano letivo?
A relação com os pais é aberta? Eles são considerados dentro do processo? Há espaço para atendê-los? Sua opinião é considerada e estudada sem que haja ingerência? Vai fazer uma reunião com pais? Qual enfoque será dado? Qual abordagem inserir nessa conversa?
A metodologia e as ações didáticas estão alinhadas com a proposta da escola ou cada envolvido age em conformidade com suas ideias próprias, desconsiderando a engrenagem pedagógica da escola?
Como a escola vê as infrações cometidas pelos alunos e quais as sanções disciplinares previstas? As ações da escola acompanham os seus princípios de formação integral do estudante? As questões disciplinares são tratadas ou costumam passar sem a atenção dos profissionais? Há preocupação com o tratamento dos casos, visando a formação ética, emocional  e social das crianças  e adolescentes?
Como se faz o acompanhamento da produção escolar? Os materiais produzidos pelos alunos passam por avaliação? Há controle através de amostragens? A prática de assistir aulas é um recurso usado pela direção ou coordenação visando conhecer o “fazer pedagógico” da sala de aula e as ações da equipe? Há feedback frequente aos profissionais a partir das ocorrências cotidianas, visando aperfeiçoamento da equipe e fidelização à Proposta Pedagógica?
Há valorização da produção escolar dos alunos? Como se faz essa cobrança? Que incentivos são dados? Há preocupação em corrigir os materiais? Como isso é feito?
Como o erro é considerado? É visto como referência para o acerto? Uma boa escola costuma avaliar constantemente os erros e acertos promovendo reflexões, aprendendo, estudando os erros e comparando resultados.
Os planos de aula são elaborados e passam pelo acompanhamento da equipe gestora?  Essa avaliação é vista como um caminho de ampliação do autoconhecimento pessoal e profissional dos envolvidos no processo?
Perguntas… Muitas perguntas… Onde andarão as respostas?
Ser uma boa escola é dar encaminhamento aos problemas, acolher críticas e aprender com elas.
Ser uma boa escola é aprimorar metodologias de trabalho dando condições para que o aluno reflita sobre o seu conhecimento e faça-o ter sentido e se encaixar em sua vida.
Ser uma boa escola é atuar para um melhor aproveitamento dos alunos agregando conhecimento e cultura ao cotidiano escolar.
Não há fórmulas mágicas para uma escola estar no caminho da excelência. O certo é que sem trabalho atento, acolhedor, reflexivo, insistente e inovador de todos os envolvidos no processo  educacional não haverá colheita produtiva e nem safra generosa.

domingo, 16 de março de 2014

Internet segura

Revista endereçada às crianças e adolescentes produzida por Moacir Torres e Cybele Meyer. Apoio Colégio Escala- Indaiatuba.