sábado, 15 de outubro de 2016

Continue a nadar, continue a nadar

                                  Continue a nadar, continue a nadar
                                                Rosângela Silva


Texto puplicado na Revista  D'Avila
http://www.revistadavila.com.br/2016/09/continue-a-nadar-continue-a-nadar/

Em 2003, minha filha  tinha 3 anos quando assistimos ao filme “Procurando Nemo” no cinema. Ela amou o filme e com o DVD em casa assistimos mais um milhão de vezes.
Eu, educadora, também me encantei com o filme e me identifiquei com o drama do pai Marlin, um pai superprotetor, que se desdobra para cuidar  do filho Nemo que  tem uma característica especial, possui uma nadadeira menor que a outra. É sempre vigiado e muito cuidado pelo pai, que  explica  sobre os perigos do mar, sinaliza, aconselha, orienta e muitas vezes, sufoca e exagera na proteção  ao seu filho Nemo, um peixe-palhaço. Enfim, o pai tenta estar presente em sua vida, para ajudá-lo e diminuir possíveis dificuldades que possam surgir.
Sua preocupação aumenta  quando o filho Neno  foi capturado por um mergulhador e ele trava uma busca incansável para achar seu filhote, pelo mar aberto.
No filme apesar do sufoco, Nemo vive interessantes aventuras com sua companheira Dory, aprende muito e faz diversos novos amigos. O desespero maior era mesmo do pai na longa procura por sua cria.
Ruim julgar Marlin, muitos pais, parecidos com ele, agem assim com boa intenção, querendo acolher o sofrimento de seus filhos, impedindo, sem querer ou sem consciência dos atos,  que passem pelas dores e aprendam com elas. O que é certo  dizer é que o mundo  não poupa aqueles mais indefesos e mais frágeis. A lei da inclusão está aí para provar isso e mesmo sendo lei, é negligenciada por tantos.
Agora, em 2016, assistimos “Procurando Dory”, que conta da busca imensa de Dory, um peixe da espécie Blue Tang, para encontrar sua família, mesmo com seus lapsos de memória. Situação que também a torna especial.
Dory, com suas limitações não se intimida e é persistente na sua busca. Uma grande lição do filme que ficou para mim é a importância da família. Somente na família podemos ser aceitos do jeito que somos ou então receber as críticas e resistências necessárias para o nosso aperfeiçoamento.
Família é a base da nossa personalidade, do caráter, dos valores, é o lugar dos modelos e referências  embora,  às vezes ela possa sim,  ser nociva e negligente.
No caso do filme, o que nos mostra é o lado positivo da família, um lugar para onde sempre queremos voltar para sermos mais completos e estarmos seguros.
Outro ponto  retratado é que a família precisa ensinar a persistência, a coragem e o enfrentamento dos medos. Não pode apenas poupar e dar colo.
Aceitar as dificuldades sim, mas ao mesmo tempo é dever da família fazer de tudo para que os filhos possam ter condições de enfrentar as adversidades, afinal nossas crianças não ficarão para sempre sob a nossa proteção.
“Continue a nadar! Continue a nadar! Continue a nadar, nadar, nadar! Para achar a solução, nadar, nadar !” Essa é uma frase, ou melhor um mantra que Dory repete continuamente e que também devemos repetir aos nossos filhos.
A vida muitas vezes vai nos decepcionar e até atropelar, mas, mesmo assim, precisamos prosseguir, dar um jeito, recomeçar, seguir adiante e certamente continuar a nadar.

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