sábado, 13 de setembro de 2014

O que os (as) selfies não revelam sobre os adolescentes

                                     

                                          O que os (as) selfies não revelam sobre os adolescentes

     Fazer selfies não é mais mania só da garotada. Muitos adultos também curtem essa divertida mania de autofotografar-se sozinhos ou com amigos.
    É certo que vivemos tempos de muito narcisismo. Os jovens acham-se “mega”, “ultra-especiais” em tudo. Querem ser atendidos primeiro, querem atenção exclusiva, querem ser queridos mais que os outros, desejam muitos bens de consumo, sem desejar também esperar por eles, querem sucesso, sem esforço.
      Pensando melhor, não são só os jovens que têm essa lista de características, uma grande porção dos adultos também a têm. Mas agora, vou deixar os adultos de lado e falar só dos adolescentes.
    Hoje os jovens querem registrar tudo em suas redes sociais. Tudo não, só o que lhes interessa.  Só o que lhes dá status. Só o que os faz parecer grandes, adultos. Só o que lhes faz ter crédito com seus pares.
     As fotos feias são apagadas. As fotos estranhas ficam de fora.
     Os autorretratos tirados pelos jovens mostram como se veem bonitos, interessantes, alegres, cheios de vida. O que eles não revelam é que os adolescentes enfrentam um período bastante conturbado, repleto de medos, inseguranças e mudanças.
     0s (As) selfies mostram cenas engraçadas, vívidas, recheadas de alta auto-estima. Elas escondem as irritações, o mal humor, a preguiça e as angústias sobre o futuro, tão comuns nessa fase.
     As fotos de si mesmos mostram jovens confiantes. Elas não deixam em evidência as incertezas dos amores não correspondidos, as dúvidas sobre sua sexualidade, as questões  sobre as escolhas profissionais.
     Se os (as) selfies mostrassem os conflitos emocionais dos adolescentes, elas escancarariam suas imperfeições e angústias e isso no mundo virtual é proibido. Só vale mostrar situações perfeitas, momentos felizes, desejos realizados.  Nas redes sociais parece haver a obrigação de ser feliz o tempo todo.
     Quando os (as) selfies são em grupo, retratam as amizades  perfeitas, ajustadas, equilibradas. Sabemos da instabilidade dos adolescentes e da necessidade de estarem em grupo para sentirem-se fortalecidos. Muitas vezes, em vez de relações sólidas, as sabemos “líquidas”, fáceis de desfazer, de escorrer, de escoar pelo ralo.
     Fica aqui o meu desejo: que essa nova forma de expressão retrate a alegria verdadeira dos nossos adolescentes.
     Que sejam ajudados realmente a formar um bom conceito de si mesmos. Que cresçam fortalecidos e saudáveis sabendo usar a tecnologia na medida certa, sabendo tratar-se bem, valorizando o certo, o justo, o respeito, sem depender da autorização das mídias sociais para serem felizes.

Rosângela Silva




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