A "brincadeira" da rasteira
Rosângela Silva
Viralizou na internet nos últimos dias, vídeos em que dois
amigos enganavam e passavam uma rasteira num terceiro colega. Isso acontecia
muitas vezes em escolas, em suas próprias casas ou em encontros e festas. Há
cenas de filhos fazendo isso também com suas mães. São cenas chocantes e de
entristecer.
Atitude de muito mau gosto e que revela pouca empatia, muitos
de nós, educadores, nos pusemos a refletir com nossos alunos sobre o fato.
Rapidamente as escolas reagiram e começaram a trabalhar com a educação emocional dos
estudantes. Os pais atentos e que acompanham de perto seus filhos também
começaram um trabalho de orientação e conscientização. Assim, em paralelo à
brincadeira, também viralizaram muitas ações contrárias, positivas, apelando
para o companheirismo, para o cuidado com o outro, para as ações afetivas.
É verdade que há muito egoísmo, maldade, enganação, e literalmente
“passadas de rasteira” em nossa vida cotidiana.
Quem não viveu uma passada de rasteira na vida, de amigos,
de familiares, de colegas de trabalho, dos nossos governantes?
Tudo isso é preocupante, é grave, mas nem por isso, nós
adultos emocionalmente saudáveis, conhecedores e praticantes das leis , saímos
por aí dando o troco e exercitando o código de Hamurabi (olho por olho, dente
por dente).
É verdade que prolifera na sociedade a lei do mais forte
sobre o mais fraco, do mais rico sobre o mais pobre, daquele que tem mais poder sobre o que não o tem. E é certo
que há muita gente reagindo contra isso.
Quem consegue perceber isso nos noticiários e conversas cotidianos?
É verdade que há uma onda para que as minorias não sejam
notadas, nem ouvidas. E é verdade que há muita gente trabalhando para reverter
isso.
Eduquemos nossas crianças e suas famílias. Como escola, não podemos fugir desse árduo compromisso. Assim,
começamos por mudar nosso bairro, nossa comunidade, nossa cidade, convivendo
e colhendo os frutos do nosso trabalho nos nossos arredores.
Sim, se todos trabalharem a cultura da paz, forjaremos seres
humanos melhores, que estarão consequentemente praticando ações saudáveis no
nosso entorno.