sexta-feira, 7 de julho de 2017

Ser adolescente hoje

Ser adolescente hoje


Rosângela Silva (Texto publicado http://www.revistadavila.com.br/2017/06/ser-adolescente-hoje-rota-educacional/)

Todos passamos pela adolescência e sofremos as dores e delícias dessa fase.
Certamente mais dores do que delícias, já que esse é um momento turbulento de autodescobertas, de mudanças físicas e psicológicas, de se perceber um ser único no meio de tantos iguais.
Lembro que ao mesmo tempo em que crescia e podia escolher também me assombrava o medo de errar. Ao mesmo tempo em que podia decidir, sabia que teria que aguentar as consequências da decisão. Ao mesmo tempo em que o novo me assustava,  me dava incentivo para encarar os desafios.
E como é ser adolescente hoje?
Cercados pelos apelos consumistas e tecnológicos parecem alienados e pequenos, perdidos num mundo tão vasto.
São egoístas, hedonistas, manobráveis.
O preocupante da adolescência hoje é que diferente de tempos atrás, os riscos são maiores e as maldades têm muito mais requinte de crueldade.
O bullying não é apenas um sarro repetido ou um apelido colocado, ele vem recheado de ações cruéis, malignas, atitudes previamente planejadas visando o sofrimento físico e emocional do indivíduo. E numa cadeia os mais fortes tripudiam sobre os mais fracos.
 O consumo de bebida não é apenas para ficar relaxado e curtir com menos vergonha na festa, a bebedeira é para chegar ao extremo, ao coma alcoólico ou até a morte.
Os trotes não são apenas um rito de iniciação com desafios, são para mostrar poder sobre o outro, subjugá-lo e humilhá-lo.
Há prazer em curtir e dar links em postagens negativas e seguir correntes que promovem a dor e a maldade.
As angústias e inquietações não acabam no choro, na birra, no protesto repetitivo. Hoje eles vão mais longe. Querem riscos. Querem adrenalina e a encontram em rachas, escaladas em prédios, jogos que incitam  a dor e a morte, uso de drogas, autoflagelação, aceitação de convites duvidosos.
 Perdidos, feito fantasmas, “zumbizando” pelas festas, praças, ruas e escolas, não dimensionando o valor da vida, nem percebendo as suas belezas, desperdiçando tempo em redes sociais, afundando no vazio  e no tédio, suplicado por presença calorosa e compaixão.
Cuidemos dos nossos jovens, pois colheremos os frutos que plantamos nos jardins das nossas casas. E ansiamos para que seja bem saboroso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário