segunda-feira, 5 de julho de 2010

E eles batem asas...

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Confiram!
E eles batem asas...

No sábado, dia 19 de junho, Raphaela, minha filha fez dez anos e a comemoração foi assistir a uma sessão de cinema com os amigos. O filme escolhido foi Toy story 3.
Seu enredo conta que o menino Andy cresceu e vai para a faculdade. O que fazer com os queridos e velhos brinquedos: levar junto, guardar no sótão , doar?
Fiquei assistindo e pensando que o tema não poderia ser mais pertinente, pois vi ali na fileira da frente, cercada de amigos, minha filha, crescida, sabendo escolher, reclamando das contrariedades, argumentando com propriedade, opinando sobre diversos assuntos... Cadê aquele bebê chorão, rechonchudo, risonho, que ao nascer preencheu a minha vida?
Enquanto a história preenchia a tela, lembrei-me, da amiga Selma Pezzopane Marqui, que viveu recentemente a dor e a delícia de ver sua filha Isabela, de 18 anos, partir para outra cidade, depois de passar numa faculdade federal. Para Selma, a mãe, junto com o orgulho e a alegria de ver sua filha crescer, atingir objetivos, tomar decisões, buscar novas experiências, tinha também o gostinho amargo de não tê-la perto dos olhos, já não iria mais levá-la e buscá-la nos passeios noturnos, acompanhar os estudos incessantes, estar perto para perceber o seu estado de humor... Era hora de soltar as rédeas.
E eles batem asas...
Nossos filhos viram adultos e daí em diante vão viver suas próprias vidas. Passarão pela dor dos amores não correspondidos, sucumbirão ou não às tentações, se separarão dos melhores amigos, se frustrarão por não passarem na faculdade desejada, nem sempre terão os sonhos realizados como acreditavam na adolescência, precisarão adiar suas vontades, arcarão com as consequências das decisões tomadas, desafiarão nossos conselhos...
E eles batem asas e levam nosso coração junto. Ele ficará sempre fora do nosso corpo. Estará sempre batendo acelerado nos lugares onde aportam os nossos filhos.
Muitos voarão alicerçados por uma família presente, mesmo na ausência, por pais que dialogam, são firmes com as regras e doces na convivência. Outros, negligenciados, terceirizados ao mundo, vão da mesma forma, vivendo, porém mais susceptíveis às ameaças cotidianas, muitas vezes, sem ter a quem pedir ajuda.
E nós, pais, mesmo amedrontados com a oferta abundante das drogas, preocupados com suas experiências sexuais, ansiosos com as caronas que pegam, angustiados pelas festas que frequentam, precisamos ser fortes para ajudá-los a enfrentar as mudanças e novidades.
Acaba o filme. Penso: “ ainda bem que o quarto da minha Raphaela, continua repleto de brinquedos e ela os convida para brincar quase todas as noites...


...E eu descobri que numa caixa na estante da casa da avó, estão guardados os mais queridos e mimosos brinquedos da Isabela. Aqueles especiais, ela não doou. Guardou. E vez ou outra, ela abre a caixa e relembra sua infância. Esse gesto a conforta e a faz lembrar os conselhos, os abraços da família, o colo quente e aconchegante da mãe. E só isso, ou melhor, tudo isso, já é o suficiente para ela fazer as melhores escolhas.

Um comentário:

  1. Importante também Rô apreciar o vôo, o bater das asas, as penas ao vento...Com certeza todo pássaro jamais se esquecerá de quem os lançou aos vôos e que mesmo com lágrimas nos olhos os encorajou a voar...Bjos Selma

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