As crianças e as brigas em família
Maria Rosângela Silva
Maria Rosângela Silva
Brigas em família. Ninguém escapa delas.
A família pode ser pequena ou
grande, rica ou pobre, educada na
religião ou não, unida ou desunida, pacata ou festeira. Os motivos são os mais
variados. A convivência diária faz com que conheçamos melhor as pessoas. Por outro lado, também faz com que esbarremos
em algumas manias, teimosias, atitudes egoísticas, cobranças e conflitos que levam
a discussões, ofensas e até ao corte de relações entre as pessoas.
Os conflitos , especialmente os
familiares, chateiam, entristecem, magoam. Podemos pensar nos conflitos sempre
como ruins ou tentar enxergar o que podem trazer de bom. Acredito que os
conflitos não sejam tão ruins assim. Muitas vezes, eles servem para por um basta
em alguma situação de abuso de poder, de exploração, às vezes servem para
reorganizar relações desgastadas, para limpar assuntos mal resolvidos, para
alinhar pontos de vista.
O tempo ajuda o conflito e apazigua os
corações. O importante é que as pessoas se revejam, busquem encontrar seus
erros e corrigi-los, refaçam a cena da briga mentalmente e procurem pensar no
que poderiam ter feito ou falado de modo diferente e mais importante, que
abram-se para a reconciliação.
Pessoas maduras têm condições emocionais para sentar,
conversar e remodelar a relação. É muito preocupante quando crianças são
envolvidas no conflito e ficam a mercê dos comportamentos de adultos ressentidos,
que se tornam endurecidos e ensinam às crianças que não se deve voltar atrás,
que pedir desculpas é humilhante, que desculpar alguém que nos magoou significa
rebaixar-se.
Triste que crianças sejam envolvidas em
conflitos familiares e sejam estimuladas
a desviar de um avô, a baixar os olhos para um tio, a mentir para um
pai, a enganar uma avó, a cortar relação com uma prima querida.
Claro que é preciso considerar os casos
criminosos, dos quais a criança fica protegida quando afastada de familiares
abusivos, de mau caráter e pouco confiáveis. Nessas situações não é seguro
expor a criança.
Tirando essas situações sérias, doídas e
sem chance de retorno, as crises familiares sempre existiram e vão existir para
ensinar sobre reconciliação, sobre encontrar um jeito de fazer as pazes, de
restabelecer o congraçamento entre entes queridos.
Família
é porto seguro, lugar de colos, abraços e ajuda nos momentos difíceis.